sexta-feira, 21 de março de 2014

Hoje, eu tenho fé

Eu estou na Índia e ainda não realizei isso, talvez seja difícil digerir ou muito fácil, difícil explicar, nem parece que faz apenas um dia que eu estou aqui ou um dia e meio, parece que faz uma vida, uma hora, outros tantos dias, parece que eu nunca vim aqui, parece um tanto o tempo todo que eu sempre estive aqui. Eu cheguei na Índia ontem de tarde e só agora completou-se um dia inteiro. Já fui em Nova Delhi, já vi vacas, camelos e elefantes nas ruas, já vi gente sofrendo por um prato de comida, vi ateliês modernos de artistas descolados, alguns cartazes de filmes de Bollywood, vi pouquíssimos turistas como nas semanas que se passaram, já andei de tuk-tuk que aqui tem um nome diferente e que ainda não consigo pronunciar, já falei namastê e ainda não consegui aprender outro termo até que os meus olhos parem de palpitar, tirei fotografias com crianças e fiquei chocado ao ver algumas em estado deplorável me tocando por alguma esmola que fosse, peguei um trem na madrugada e dormi, comi chicken biryani que tanto amo e acordei hoje já em Jaipur, no Rajastão, a cidade-rosa com todas as suas mil e outras cores, fui dar uma volta na cidade e tudo acontece ao mesmo tempo, não para, é todo mundo na rua no tempo presente, agora e nunca mais, saí procurando algo que não achei, talvez um palácio ou um forte, e depois vi algumas pessoas dançando meio que escondidas a uma porta escancarada e resolvi entrar para ver o que era, era uma espécie de celebração pós-holi, a festa lindas das cores, só havia mulheres e todas com roupas típicas daquelas indianas que a gente sempre vê na tevê, o caminho das índias, estavam hoje dançando para krishna e lhe oferecendo todas as cores do mundo, do holi, me convidaram junto a uma amiga para participarmos da dança, da festa, da celebração, dançamos junto sorrindo e fomos pintados, eu um pouco de rosa e ela meio que amarelo cobre, registramos tudo e eu chorei um pouco na volta já no tuk-tuk, chorei de novo quando cheguei no hotel e dei parabéns pra Julia Branco que hoje faz vinte e oito, e talvez ainda esteja em estado de choque, não, não, talvez ainda esteja em estado de leveza, é isso que estou, a Índia é surreal e hoje eu tenho fé porque o sol brilhou pra mim mais uma vez. This is the incredible India. Não sei ainda o que vai acontecer, se é que vai acontecer, pois ela te transforma em algo sem que você saiba muito bem em quê. 


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