Desde quando decidi viajar o mundo (ou ao menos uma parte dele), jamais cogitei
a ideia de criar um blog. Não sei bem ao certo o motivo, mas nunca
me atraiu essa ideia de cobertura, de apenas mostrar “como posso
ser feliz em qualquer canto do mundo” ou me imergir em um processo onde contar
fosse mais importante do que viver. Sempre admirei histórias como a da menina
que passou três meses na Europa sem dinheiro algum ou sobre o casal que ficou
mais de dois anos na estrada com o dinheiro que tinha para poucos
meses.
Mas, na semana passada completei quatro meses de
estrada e, até agora, tenho seguido os meus instintos. Fiz apenas pequenos registros aos meus amigos, postei algumas poucas fotos e enviei e-mails e
postais aos mais queridos (que sim, fazem muita falta!). Faz quatro meses que
estou rodando e a minha viagem não é melhor que a da moça, tampouco pior que a
do casal, não é a mais cara e nem a mais barata que você vai ainda ouvir por
aí, mas tenho me permitido seguir no meu ritmo, “o coração é o norte”, e isso
afinal é o que me importa. Hoje eu cheguei à Indonésia, tendo passado algumas
horas na Cingapura, lugares que jamais tinha imaginado conhecer. Não sei se
coincidência, talvez piegas (!?), mas estou justamente nessa parte do livro da
Sra. Gilbert. Já visitei sete países (e mais dois de tabela), aprendi muito
pouco de outras línguas e tenho me virado com um inglês bem mais ou menos.
Faz quatro meses que estou viajando e ainda pretendo
lançar um livro na volta, não sei bem sobre o quê ou como vai ser, mas sinto
que vou. Esse é o meu sonho mais real, o que vem lá de dentro todos os dias quando
me levanto e acendo o primeiro cigarro, é o que me induz a seguir. Faz quatro
meses que estou na estrada e, na medida em que me sinto mais em casa, cada vez mais
a memória vai ficando fraca e me sinto mais inexperiente. Já fiz uma tatuagem,
quero fazer outras, já comprei uma câmera nova, ganhei outra, comprei uma
terceira, doei muitas roupas, perdi outras, conheci muitas pessoas chatas e
outras muito legais, já fui à neve e à praia, vi gente tatuar a bunda de
madrugada, achei o inesperado, peguei um grande conflito entre a polícia e
civis em Istambul, fui à ilha dos meus sonhos, namorei, sofri, chorei, senti
saudade, me desapeguei de certas coisas, me apeguei a outras tantas, gastei
muito dinheiro, gastei pouco dinheiro, tive muita dor de barriga em aviões,
trens, táxis e tuk-tuks, comi muitas pizzas e também comidas estranhas,
descobri na Tailândia uma cerveja que tem o meu nome. O cigarro no Brasil ainda
é o mais barato de todos, mas tenho tido prazeres inigualáveis a cada trago. O sorriso balinês é o mais delicioso que já vi.
Faz quatro meses que estou viajando e agora decidi
compartilhar algumas experiências. E não apenas para mostrar o quanto é legal a
minha viagem, quantas fotos eu tirei com a camisa do meu time ou para poder me lembrar
de tudo depois. Ao contrário - e ao mesmo tempo um pouco disso tudo também -,
agora me sinto simplesmente responsável em compartilhar. E tão somente.
Todos os dias tenho precisado cada vez mais de informações
e diversas dicas sobre os lugares, sobre as pessoas, sobre como ir ou como
voltar, sobre como se dizer “oi” em tailandês ou balinês, ou sobre como se dizer
“muito obrigado” com apenas um sorriso sincero. Achei que este blog pudesse ajudar
um pouco àqueles que um dia decidam porventura fazer como eu: apenas seguir.
Obs:
O meu blog pessoal (www.shotsofanonstopmind.blogspot.com)
continua na ativa para os textos mais livres e literários. Mas, esse aqui tem
um assunto um pouco mais divertido, né? E como eu já estou há algum tempo na estrada, vou tentar mixar post sobre o que já fiz, o que estou fazendo e o que ainda há de vir. Juro que vou.